domingo, 14 de outubro de 2012

Zombie Apocalypse- Capítulo 1: Primeiro Contado


    Meus pais moravam longe, eu dividia um apartamento com o meu amigo Olliver. Uma noite, antes do surto dos mortos-vivos quando  as pessoas ainda não tinham conhecimento da ameaça que se espalhava pelo mundo,  Olliver chegou  todo esquisito e não falava coisa com coisa, seus olhos estavam murchos e inexpressíveis. Ele estava com uma marca de mordida no braço, pensei que fosse do cachorro que morava no beco atrás do prédio, uma vez também fui mordido por ele enquanto passava pelo beco. Acordei de madrugada assustado, Olliver tentava me morder, empurrei-o com força mas no instante seguinte ele vinha pra cima de mim novamente e tentava me morder.
    Pedi pra que ele se afastasse mas como se não me ouvisse continuava a me atacar, dei um murro na barriga dele, não pareceu ter sentido então dei vários outros com a mão livre, já que a outra empurrava a cabeça para longe escapando da mordida. Olliver segurou meus braços e cravou suas unhas neles, berrei de dor, o rosto foi se aproximando e num movimento rápido dei um chute no peito dele, aquele não era o meu amigo que morava comigo desde o começo do ano então compreendi: era eu ou ele. Tornei a por meu pé no peito de Olliver, empurrei com força, as unhas começaram a arranhar meu braço que agora sangrava, quando me vi livre agarrei o abajur e bati repetidas vezes na cabeça daquele "monstro" que tomara o lugar do meu colega de quarto.
    Ele parou de se mexer, cacos da lâmpada espalhados ao redor do corpo, eu ainda segurava o que restou do abajur, respirei profundamente e levantei do chão ainda de olho no corpo. De repente os olhos se abriram e Olliver se levantou, mas antes que pudesse me atacar enfiei o bocal do abajur, que ainda continha pedaços da lâmpada, na cabeça dele. Coberto de sangue e ainda em choque adormeci com a esperança de acordar na manhã seguinte e descobrir que era apenas um sonho.
    Mas não era, quando acordei me deparei com Olliver caído no chão com a cabeça ensanguentada, demorei um pouco para lembrar do que tinha ocorrido na noite anterior, meus braços ardiam onde haviam sido arranhados. A polícia nunca acreditaria na minha história, seria acusado de assassinato e preso, os arranhões eram os indícios de briga, mas mesmo assim seria assassinato e não legítima defesa, quem sabe depois que contasse a verdade eles me internassem num sanatórios, seria melhor que a cadeia. Liguei a tv, as notícias do canal oito eram as seguintes:
    "_O governo enviou hoje centenas de soldados para a fronteira com o Uruguai sem motivo algum, já surgem boatos de que uma terceira guerra esteja para acontecer. O secretário de defesa, Marcos Franco, não quis falar com a imprensa."
    Desliguei a tv e compreendi, o governo estava escondendo alguma coisa de nós e essa coisa, de alguma forma, tinha a ver com o que aconteceu com o Olliver. Tinha que ligar pra Carla, avisá-la, quem sabe, deixaríamos a cidade e escaparíamos dessa nova "epidemia". Foi o que fiz, disse para ela fazer as malas, foi difícil convencê-la, inventei que iríamos fazer uma viajem e só não tinha contado ainda pra fazer uma surpresa. Mulheres, tão fáceis de enganar.
    _Como assim uma viajem surpresa no meio da madrugada- disse ela quando cheguei- Olha  só meu cabelo, está todo bagunçado, fiz as malas correndo, não sabia quanto tempo iríamos ficar fora então me preparei pra umas duas semanas. Pra onde nós vamos?
     _Só entra no carro.
    Foi o que ela fez e dessa vez sem contestar. Dirigi até um posto e completei o tanque. Nas malas trazia quase tudo o que tinha e em uma mochila coloquei facas e uma pistola que o Olliver escondia no fundo da gaveta, fora presente do pai dele. Antes de sair de casa tomei um belo banho. Eis a questão: Para onde iríamos. Pensei em ir pra um hotel em Campinas mas não poderia ficar lá por muito tempo, quando encontrassem o corpo do Ollie eu seria procurado. Finalmente decidi ir pra casa dos meus pai em Amparo.
    Dirigi que nem um louco, por sorte Carla adormeceu logo no começo, então ela não me incomodou por causa da velocidade, não tinha muito movimento nas estradas era um dia de semana qualquer, quarta-feira, doze de dezembro. Cheguei na cidade pouco antes do sol nascer, meus olhos ardiam e a dor de cabeça me atormentou a viagem inteira e quando cheguei perto do posto pra abastecer...

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